Uma
Rosa de Ouro Para a Virgem
Em 1967, ano da comemoração
do jubileu dos 250 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, o Papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil
uma Rosa de Ouro. A entrega desta importante honraria aconteceu na manhã do dia
15 de agosto daquele mesmo ano, com a presença de diversas autoridades civis e
religiosas, entre elas o presidente Artur da Costa e Silva.
Atualmente, a Rosa de Ouro
encontra-se exposta na Exposição Rainha do Céu, Mãe dos Homens: Aparecida do Brasil
no Museu Nossa Senhora Aparecida, no 1º andar da Torre Brasília.
O
que é uma Rosa de Ouro?
Os sumos pontífices
costumavam oferecer como presente uma Rosa de Ouro, em sinal de particular
estima e para distinguir eminentes personalidades que prestavam relevantes
serviços à Igreja, ou para honrar cidades, ou ainda para realçar Santuários
insignes, como centro de grande devoção. Essa Rosa era artisticamente elaborada
segundo o estilo da época.
Descrição
histórica da Imagem de Nossa Senhora Aparecida
A Imagem de Nossa Senhora da
Conceição Aparecida, foi encontrada no rio Paraíba na segunda quinzena de
outubro de 1717, é de terracota, isto é, argila que, depois de modelada, é
cozida em forno apropriado, medindo 40 centímetros de altura.
Hipoteticamente, ela teria,
originalmente, uma policromia, como era costume na época, mas não há documentos
que comprovem. Quando foi pescada, o corpo estava separado da cabeça e, muito
provavelmente, sem a policromia original, devido aos anos em que esteve mergulhada
nas águas e no lodo do rio.
A cor acanelada com que,
hoje, é conhecida ,deve-se ao fato de ter sido exposta, durante anos, ao picumã
das chamas das velas e dos candeeiros. Seu estilo é seiscentista, como atestam
alguns especialistas que a estudaram.
Entre os que confirmam ser a
Imagem do Século XVII estão o Dr. Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, os monges
beneditinos do mosteiro de São Salvador, na Bahia, Dom Clemente da Silva Nigra
e Dom Paulo Lachenmayer.
Finalmente, em 1978, após o
atentado que a reduzira em quase duzentos fragmentos, foi encaminhada ao Prof.
Pietro Maria Bardi – na época diretor do Museu de Arte de São Paulo – que a
examinou, juntamente com o Dr. João Marinho, colecionador de imagens
brasileiras.
Foi totalmente reconstituída
pela artista plástica Maria Helena Chartuni, na época, restauradora do Museu de
Arte de São Paulo. Ainda conforme estudos dos peritos mencionados, a Imagem foi
moldada com argila paulista, da região de Santana do Parnaíba, situada na
Grande São Paulo.
O mais difícil foi
determinar o autor da pequena imagem, pois não está assinada ou datada. Assim,
após um estudo comparativo, os peritos chegaram à conclusão de que se tratava
de um escultor, discípulo do monge beneditino Frei Agostinho da Piedade, e
também seu colega de Ordem, Frei Agostinho de Jesus.
Caracterizam seu estilo:
forma sorridente dos lábios, queixo encastoado, tendo, no centro, uma covinha;
penteado, flores em relevo, nos cabelos, broche de três pérolas na testa e
porte empinado para trás.
Todos estes detalhes se
encontram na Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e, por isso,
concluíram os peritos, Dom Clemenente da Silva Nigra e Dom Paulo Lachenmayer,
que a Imagem foi esculpida pelo monge beneditino Frei Agostinho de Jesus.
Coroa
e Manto
A partir de 8 de setembro de
1904, quando foi coroada, a imagem passou a usar, oficialmente, a coroa ofertada
pela Princesa Isabel, em 1884, bem como o manto azul-marinho.
Nossa
Senhora da Imaculada Conceição Aparecida
A história de Nossa Senhora
da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a
notícia de que o Conde de Assumar, D.Pedro de Almeida e Portugal , Governador
da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá,
a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto - MG.
Convocado pela Câmara de
Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves
saíram a procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram.
Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu.
João Alves lançou a rede nas
águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a
cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem. Daí em
diante os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores.
Durante 15 anos seguidos, a
imagem ficou com a família de Felipe Pedroso, que a levou para casa, onde as
pessoas da vizinhança se reuniam para rezar. A devoção foi crescendo no meio do
povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante a imagem.
A fama dos poderes
extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. A
família construiu um oratório, que logo tornou-se pequeno. Por volta de 1734, o
Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros,
aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis
aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual
Basílica Velha).
No ano de 1894, chegou a
Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários
Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés
da Virgem Maria para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.
A 8 de setembro de 1904, a
Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada, solenemente, por D.
José Camargo Barros. No dia 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de
Basílica Menor.
Vinte anos depois, a 17 de
dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos
Coqueiros tornou-se Município. E, em 1929, nossa Senhora foi proclamada RAINHA
DO BRASIL E SUA PADROEIRA OFICIAL, por determinação do Papa Pio XI.
Com o passar do tempo, a
devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo e o número de romeiros
foi aumentando cada vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena.
Era necessário a construção
de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por
iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início em
11 de Novembro de 1955 a construção de uma outra igreja, atual Basílica Nova.
Em 1980, ainda em
construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo ll e recebeu o título de
Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
declarou oficialmente a Basílica de Aparecida:Santuário Nacional; "maior
Santuário Mariano do mundo".
O Padre Francisco da
Silveira, que escreveu a crônica de uma Missão realizada em Aparecida em 1748,
qualificou a imagem da Virgem Aparecida como “famosa pelos muitos milagres
realizados”. E acrescentava que numerosos eram os peregrinos que vinham de
longas distâncias para agradecer os favores recebidos. Mencionamos aqui três
grandes prodígios ocorridos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
O primeiro prodígio, sem
dúvida alguma, foi a pesca abundante que se seguiu ao encontro da imagem. Não
há outras referências sobre o fato a não ser aquela da narrativa do achado da
imagem: “E, continuando a pescaria, não tendo até então pego peixe algum, dali
por diante foi tão abundante a pesca, que receosos de naufragarem pelo muito
peixe que tinham nas canoas, os pescadores se retiraram as suas casas, admirados
com o que ocorrera.”
Entretanto, o mais simbólico
e rico de significativo, sem dúvida, foi o milagre das velas pela sua íntima
relação com a fé. Aconteceu no primitivo oratório do Itaguaçu, quando o povo se
encontrava em oração diante da imagem.
Numa noite, durante a reza
do terço, as velas apagaram-se repentinamente e sem motivo, pois não ventava na
ocasião. Houve espanto entre os devotos e, quando Silvana da Rocha procurou
acendê-las novamente, elas se acenderam por si, prodigiosamente.
Significativo também é o
prodígio das correntes que se soltaram das mãos de um escravo, quando este
implorava a proteção da Senhora Aparecida. Existem muitas versões orais sobre o
fato. Algumas são ricas em pormenores. O primeiro a mencioná-lo por escrito foi
o Padre Claro Francisco de Vasconcelos, em 1828.
A
Pesca Milagrosa
A Câmara Administrativa de
Guaratinguetá decidiu e pronto. A época não era favorável à pescaria mas os
pescadores que se virassem. O Conde tinha que provar do peixe do rio Paraíba.
E a convocação foi lida em
toda a redondeza. João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso, moradores de
Itaguaçu, pegaram seus barcos, suas redes e se lançaram na difícil tarefa.
Remaram a noite toda sem nada pescar.
No Porto de Itaguaçu,
lançaram mais uma vez as redes. João Alves sentiu que a sua rede pesava. Serão
peixes? Puxou-a. Não. Não eram peixes. Era o corpo de uma imagem. Mas ... e a
cabeça, onde estava? Guardou o achado no fundo do barco. Continuaram tentando
achar peixes.
De repente, na rede do mesmo
pescador, uma cabeça enegrecida de imagem. João Alves pegou o corpo do fundo do
barco e aproximou-o da cabeça. Justinhos. Aquilo só podia ser milagre.
Benzeram-se e enrolaram os pedaços num pano. Continuaram a pescaria. Agora os
peixes sabiam direitinho o endereço de suas redes. E foram tantos que temeram
pela fragilidade dos barcos...
O
Milagre das Velas
Depois que chegaram da
pescaria onde encontraram a Senhora, Felipe Pedroso levou a imagem para sua casa
conservando-a durante 5 anos.
Quando de sua mudança para o
bairro da Ponte Alta deu a imagem a seu filho Athanásio Pedroso que morava no
Porto de Itaguaçu bem perto de onde seu pai Felipe Pedroso, João Alves e
Domingos Garcia haviam encontrado a imagem.
Athanásio fez um altar de
madeira e colocou a Imagem Milagrosa da Senhora Aparecida. Aos sábados seus
vizinhos se reuniam para rezar um terço em sua devoção. Em certa ocasião, ao
rezar o terço, 2 velas se apagaram no altar de Nossa Senhora, o que era muito
estranho, pois aquela noite estava muito calma e não havia motivo para o
acontecimento.
Silvana da Rocha, que no dia
acompanhava o terço, quiz acender as velas, porém, as mesmas se acenderam sem
que ninguém as tocasse, como um perfeito milagre. Desta data em diante a Imagem
Milagrosa de Nossa Senhora Aparecida deixou de pertencer à família de Felipe
Pedroso para ficar pertencendo a todos nós, devotos da Santa Milagrosa.
Romeiros
de Nossa Senhora Aparecida
Dos milhões de romeiros que
visitam o Santuário Nacional de Aparecida, muitos são portadores de angústia,
outros tantos, da esperança. Esperança de cura, de emprego, de melhores dias,
de paz.
Eles chegam de ônibus, de
carro, de trem (em tempo passado), de moto, de bicicleta, a cavalo e a pé. São
pobres e ricos; são cultos e ignorantes; são homens públicos e cidadãos comuns.
Aqui estiveram o Papa, príncipes, princesas, presidentes, poetas, padres,
bispos, prioras, patrões e empregados. Vieram os pescadores.
Muitos cumprem um ritual que
começou com seus avós e persiste até hoje. Outros vêm pela primeira vez. Ficam
perplexos diante do tamanho do Santuário e de sua beleza. A Imagem os extasia.
A fé traz o romeiro a
Aparecida leva-o a comportamentos de pincéis famosos, câmaras e versos
imortais. Olhos que buscam, vasculham ou se fecham para ler as mensagens
secretas que trazem na alma. Lábios que balbuciam ave-marias, atropeladas pela
pressa das muitas intenções.
Mãos que seguram as contas
do rosário, a vela, o retrato, as flores, o chapéu. Joelho que se dobram e se
arrastam, em atitude de total despojamento. Pés cansados pela procura de suas
certezas. Coração nas mãos em forma de oferenda. Na alma, profundo senso do
sagrado.
O chão que pisam, a porta
que transpõem, as pessoas que aqui residem, tudo tem para eles significado
transcendente. Este é o romeiro de Nossa Senhora Aparecida. Alma pura, simples,
do devoto que acredita, que se entrega à proteção dos céus, sem dúvidas ou
restrições.
Consagração
50 Anos
Ela teve início dia 31 de
maio de 1955, uma terça-feira.
Começou
assim:
O Padre Laurindo Häuber,
redentorista que trabalhava na Rádio Aparecida, teve uma idéia: Comprou um
livro, que chamou de Livro de Ouro, e disse na Rádio que quem quisesse
consagrar-se a Nossa Senhora Aparecida, era só escrever para a Rádio que ele
anunciava o nome, às 15 horas, e lia a oração da Consagração. Ele ia fazer isso
na 3ª, na 5ª e no sábado.
E Padre Laurindo começou
então esse programa. Como que ele fazia:
Lia os nomes, dava uma
pequena mensagem, lia a oração da Consagração que estava no Manual do Devoto,
um livrinho de orações editado pela Editora Santuário em 1904, e em seguida
dava a bênção.
Meses depois, o número de
nomes enviados aumentou tanto que ele parou de lê-los, deixando de lado o Livro
de Ouro. Dali para frente, todos os ouvintes da Consagração passaram a ser
consagrados a Nossa Senhora. E assim a Consagração a Nossa Senhora Aparecida
adquiriu a mesma forma de celebração e o mesmo feitio que tem hoje.
Inclusive a música de
abertura, Roga por nós ó Mãe tão Pia, foi escolhida pelo Padre Laurindo. Um ano
depois, em 1956, o Padre Laurindo foi transferido para São Paulo, a fim de
trabalhar na Rádio Nove de Julho. Os padres Vítor Coelho de Almeida e Rubem
Leme Galvão continuaram fazendo a Consagração. Agora, a semana toda: O Padre
Vítor Coelho fazia na 3ª, na 5ª e no sábado, e o Padre Galvão fazia na 2ª, na
4ª e na 6ª feira.
No ano seguinte, o Padre
Vítor Coelho assumiu sozinho a Consagração e passou a fazê-la não mais no
estúdio da Rádio, mas no Altar Mor da Basílica. Ela deixou então de ser um
simples programa de rádio e se tornou uma celebração paralitúrgica no Santuário
Nacional de Nossa Senhora Aparecida, como a Hora Mariana, a Novena Perpétua
etc.
Padre Vítor a fez durante 31
anos, até a véspera de sua morte, que aconteceu dia 21 de julho de 1987. Em
1988, o Padre César Moreira, então Diretor da Rádio Aparecida, determinou que a
Consagração fosse feita também aos Domingos. Após o falecimento do Padre Vítor
Coelho, o Padre Alberto Pasquoto assumiu a Consagração, e a fez até o início de
1989.
Em 1989, o Padre Agostinho
Frasson a assumiu e fez até 1991. Nos anos 1992 e 1993, quem dirigiu a
Consagração foi o Padre Afonso Paschote. Em 1994, o Padre Frasson a assumiu
novamente e a fez até 1996. O Padre Antônio Queiroz a assumiu dia 11/01/97, um
sábado, sendo que nos seus dias de folga quem fazia era o Padre Silvério Negri.
Após o falecimento do Padre Negri, ocorrido dia 28/08/03, nos dias de folga do
Padre Queiroz a Consagração entra na escala normal dos trabalhos pastorais da
Basílica.
Esta é, resumidamente, a
história da Consagração, que dia 31 deste mês completará 50 anos de existência.
Em todos esses anos, repito, o modo de fazer a Consagração não mudou,
continuando aquele iniciado pelo Padre Laurindo. Desde o início, várias
emissoras de rádio começaram a entrar em cadeia com a Rádio Aparecida, às 15
horas, para transmitir a Consagração.
Assim, a Consagração a Nossa
Senhora Aparecida abriu caminho para que se formassem redes de Rádio para
transmissão de programas religiosos. A UNDA BRASIL (Unda é uma palavra latina
que significa onda. É um organismo internacional da Igreja, ligado à
comunicação pelo Rádio) promoveu a união dessas redes e criou a Rede Católica
de Rádio, que hoje é como uma grande constelação, iluminando todo o céu do
Brasil.
Agora, celebrando o
cinqüentenário da Consagração, nós queremos agradecer a Deus. Não queremos ser
como aqueles nove leprosos curados, que não agradeceram a Deus a sua cura. É
interessante que Jesus disse para aquele que voltou: “Não foram dez os curados?
E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a
não ser este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc
17,17-19).
Jesus fala de dar glória a
Deus Pai. De fato, Deus Pai é a origem de tudo. Tudo nos vem dele, pelo Filho,
no Espírito Santo. Na Consagração a Maria, ela é a intercessora. Por isso
agradecemos a ela também. Então, neste Jubileu nós agradecemos a Deus todas as
graças que ele concedeu ao povo brasileiro, e a nós, nesses 50 anos.
Concedeu e esperamos que
continue concedendo, porque, como diz aquela oração que vem da Igreja
Primitiva, jamais se ouviu dizer que algum daqueles que tem recorrido à
proteção de Maria e implorado o seu auxílio, fosse por ela desamparado. Nós
cristãos fomos consagrados definitivamente a Deus no dia do nosso batismo.
A Consagração a Nossa
Senhora, que fazemos todos os dias, é uma entrega de nós mesmos a ela, como um
filho ou filha que se joga nos braços da Mãe, para que ela cuide de nós,
fazendo-nos felizes e bons discípulos de Jesus.
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